A APRENDIZAGEM INSTRUMENTAL SOB A PERSPECTIVA DA AUTORREGULAÇÃO: CONTRIBUIÇÕES DE UM ESTUDO DE CASO

Autores

  • Flávio Denis Dias Veloso Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR). Universidade Estadual do Paraná (UNESPAR/EMBAP).
  • Rosane Cardoso de Araújo Universidade Federal do Paraná (UFPR).

Resumo

O escopo deste artigo é apresentar parte dos resultados de uma pesquisa que abordou a autorregulação da aprendizagem instrumental sob a perspectiva sociocognitiva. Nesta abordagem, a autorregulação consiste em intervir de forma consciente, intencional e autorreflexiva no próprio desenvolvimento, considerando os aspectos comportamentais, motivacionais, cognitivos e metacognitivos da aprendizagem musical. O objetivo desta pesquisa foi investigar – por meio de um estudo de caso – elementos da autorregulação na conduta de uma percussionista durante o aprendizado de uma nova obra musical. Os resultados apontaram a ocorrência de eventos relativos ao planejamento (delineamento das metas; pensamento antecipatório; planificação das tarefas), monitoramento (experiências metacognitivas; observação e interpretação dos desafios; revisão de metas e estratégias) e avaliação da aprendizagem (atribuições causais; inferências autoavaliativas e autorreativas). Esperamos que as considerações aqui apresentadas favoreçam o aprimoramento de condutas que orientem a prática musical de estudantes em direção ao desenvolvimento musical reflexivo e autônomo.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Flávio Denis Dias Veloso, Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR). Universidade Estadual do Paraná (UNESPAR/EMBAP).

Flávio Veloso é professor auxiliar do curso de Licenciatura em Música da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR) e professor colaborador do curso de Licenciatura em Música da Universidade Estadual do Paraná (Unespar/Embap). É mestre em Música (Cognição/Educação Musical) e graduado em Música (Licenciatura) pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Atualmente cursa o Bacharelado em Instrumento/Percussão na Escola de Música e Belas Artes do Paraná (Unespar/Embap). Foi bolsista do CNPq na modalidade IC (2014-2015) e bolsista de mestrado da Capes (2017-2019). É membro do grupo de pesquisa Processos Formativos e Cognitivos em Educação Musical (PROFCEM/UFPR); professor/pesquisador associado à Associação Brasileira de Cognição e Artes Musicais (ABCM), à Associação Brasileira de Educação Musical (Abem) e à Associação Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em música (Anppom). Sua produção artística concentra-se no âmbito da música de câmara (Duo Sabel Veloso) e no contexto orquestral (Osembap). No momento, atua na docência (PUC-PR; UNESPAR/EMBAP) e na produção de materiais didáticos para o ensino superior (graduação e pós-graduação), junto ao Centro Universitário Internacional Uninter. Seus interesses de formação e atuação concentram-se nas áreas da educação musical, cognição musical, performance musical, percussão sinfônica. https://orcid.org/0000-0003-4083-6550

Rosane Cardoso de Araújo, Universidade Federal do Paraná (UFPR).

Rosane Araújo é Pós-doutora em Educação Musical pela Universidade de Bolonha (Itália), doutora em Música pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Ocupa o cargo de professora associada na Universidade Federal do Paraná, Departamento de Artes, onde atua nos cursos de Graduação e Pós-Graduação em Música (mestrado e doutorado); é coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Música da UFPR, bolsista de produtividade em pesquisa pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e vice-presidente da Associação Brasileira de Cognição e Artes Musicais. Desde 2009, é líder do grupo de pesquisa Processos Formativos e Cognitivos em Educação Musical (PROFCEM), no CNPq. https://orcid.org/0000-0002-3676-1042

Referências

ARAÚJO, Marcos. O desenvolvimento de um questionário de comportamentos autorreguladores da prática musical em intérpretes. Revista Música Hodie, Goiânia, v. 15, n. 1, p. 145-152, 2015.

AUSTIN, James; RENWICK, James; MCPHERSON, Gary. Developing motivation. In: MCPHERSON, G. (Org.). The child as musician: a handbook of musical development. New York: Oxford University Press, 2006. p. 213-238.

AZZI, Roberta Gurgel. Autorregulação em música: discussão à luz da teoria social cognitiva. Revista Modus, Belo Horizonte, v. 10, n. 17, p. 9-19, 2015.

AZZI, Roberta Gurgel; BASQUEIRA, Ana Paula; TOURINHO, Ana Cristina Gama dos Santos Tourinho. Ensino na perspectiva da Teoria Social Cognitiva: discussões iniciais a partir do ensino de música. Revista da Abem, v. 24, n. 36, p. 105-115, 2016.

BANDURA, Albert. A crescente primazia da agência humana na adaptação e mudança na era eletrônica. In: BANDURA, A.; AZZI, R. G. (Org.). Teoria social cognitiva: diversos enfoques. Campinas: Mercado de Letras, 2017b. p. 83-128.

BANDURA, Albert. Social cognitive theory of self-regulation. Organizational behavior and human decision processes, v. 50, p. 248-287, 1991.

BANDURA, Albert. Human Agency in Social Cognitive Theory. American Psychologist, 44, p. 1175-1184, 1989.

BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. São Paulo: Edições 70, 2011.

BARRY, Nancy; HALLAM, Susan. Practice. In: PARNCUTT, R.; MCPHERSON, G. E. (Eds.). The science and psychology of music performance. Oxford: University Press, 2002. p. 151-165.

CAMBRIDGE. Metacognition. Cambridge Assessment, 2017. Disponível em: https://www.cambridgeinternational.org/Images/272307-metacognition.pdf.

CAVALCANTI, Célia Regina Pires. Prática instrumental e autorregulação da aprendizagem: um estudo sobre as crenças de autoeficácia de músicos instrumentistas. In: ARAÚJO, R. C.; RAMOS, D. (Orgs.). Estudos sobre motivação e emoção em Cognição Musical. Curitiba: UFPR, 2015. p. 189-211.

FERIGATO, Arícia; FREIRE, Ricardo Dourado. Análise de conteúdo no contexto da pesquisa em performance musical: a metacogninção como objeto de análise. Percepta – Revista de Cognição Musical, v. 2, n. 2, p. 111-124, 2015.

FLAVELL, John. Metacognition and cognitive monitoring: a new area of cognitve-developmental inquiry. American Psychologist, v. 34, n. 10, p. 906-911, 1979.

JÚNIOR, Rubens Venditti; WINTERSTEIN, Pedro José. Ensaios sobre a Teoria Social Cognitiva de Albert Bandura. Parte II: reciprocidade triádica, modelação e capacidades humanas fundamentais. Lecturas: Educación física y deportes, Buenos Aires, n. 145, p. 1-11, 2010.

LIVINGSTON, Jennifer. Metacognition: an overview. Education Resources Information Center, v. 9/97, p. 2-7, 2003.

MCPHERSON, Gary; NIELSEN, Siw; RENWICK, James. Self-Regulation Interventions and the Development of Music Expertise. In: BEMBENUTTY, H.; CLEARLY, T. J.; KITSANTAS, A. (Eds). Applicattions of self-regulated learning across diverse disciplines. Charlott, NC: Information Age Publishing, 2013. p. 355-382.

MORAIS, Ronan Gil; STASI, Carlos. Múltiplas faces: surgimento, contextualização histórica e características da percussão múltipla. Opus, v. 16, n. 2, p. 61-79, 2010.

POLYDORO, Soely Aparecida Jorge; AZZI, Roberta Gurgel. Autorregulação: aspectos introdutórios. In: BANDURA, A.; AZZI, R. G.; POLYDORO, S. (Orgs.). Teoria Social Cognitiva: conceitos básicos. Porto Alegre: Artmed, 2008. p. 149-164.

PORTILHO, E. M. L. Como se aprende? Estratégias, estilos e metacognição. 2. ed. Rio de Janeiro: Wak, 2011.

PORTILHO, Evelise Maria Labatut; DREHER, Simone Souza. Categorias metacognitivas como subsídio à prática pedagógica. Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 38, n. 1, p. 181-196, 2012.

SANTOS, Regina Antunes Teixeira. Modos de pensamentos reflexivos implícitos nos fatores de aperfeiçoamento da prática musical. Música em Perspectiva, v. 1, n. 2, p. 113-130, 2008.

SCHRAW, Gregory; MOSHMAN, David. Metacognitive theories. Educational Psychology Review, v. 7, n. 4, p. 351-371, 1995.

SCHUNK, Dale. Teoria Social Cognitiva na educação: contribuições e direções futuras. In: SEMINÁRIO INTERNACIONAL TEORIA SOCIAL COGNITIVA EM DEBATE, 1., 2015, Campinas. Anais […]. Campinas: Unicamp, 2015. p. 61-76.

SCHUNK, Dale. Social cognitive theory and self-regulated learning. In: ZIMMERMAN, B.; SCHUNK, D. (Orgs.). Self-regulated learning and academic achievement: theoretical perspectives. Mawah, NJ: Erlbaum, 2001. p. 125-152.

YIN, Robert. Estudo de caso. Planejamento e métodos. Porto Alegre: Bookman, 2005.

ZIMMERMAN, Barry. Attaining self-regulation: a social cognitive perspective. In: BOEKAERTS, M.; PINTRICH, P.; ZEIDNER, M. (Eds.). Handbook of self-regulation. New York: Academic Press, 2000. p. 13-39.

ZIMMERMAN, Barry; RISEMBERG, Rafael. Self-regulatory dimensions of academic learning and motivation. In: PHYE, G. D. Handbook of academic learning: construction of knowledge. San Diego: Academic Press, 1997. p. 105-125.

ZIMMERMAN, Barry; CLEARY, Timothy. Adolescents development of personal agency: the role of self-efficacy beliefs and self-regulatory skill. In: PAJARES, F.; URDAN, T. (Eds.). Self-efficay beliefs of adolescents. Greenwich, CT: Information Age Publishing, 2006. p. 45-69.

Downloads

Publicado

2019-11-20

Como Citar

Dias Veloso, F. D., & Cardoso de Araújo, R. (2019). A APRENDIZAGEM INSTRUMENTAL SOB A PERSPECTIVA DA AUTORREGULAÇÃO: CONTRIBUIÇÕES DE UM ESTUDO DE CASO. REVISTA DA ABEM, 27(43). Recuperado de https://revistaabem.abem.mus.br/revistaabem/article/view/844

Edição

Seção

Artigos